quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Não é que a gramática está em tudo?

Sou um simples verbo transitivo à procura de quem possa ser meu objeto direto, como no meu pretérito perfeito, ou melhor, mais-que-perfeito. Já foi tempo de eu procurar um complemento. Hoje, quero no máximo um adjunto. Minha oração é sem sujeito e prefiro que seja assim. Pronomes possessivos estão muito presentes na minha oração, que quase não possui apostos. Minha voz é quase sempre ativa. Faço parte de um período nada coordenado, composto por muitas subordinações.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Talvez eu esteja nalgum lugar
Não muito distante
Em uma esquina, num bar
Ou num abismo eqüidistante.

Se eu for real
Encontro-me em qualquer canto
Num lugar banal
Acompanhada de meu pranto.

Se eu for uma lenda, um personagem,
Encontro-me num livro ou num papel
Descrita à tinta, só miragem
Flores e cores, sem fel.

Quem sabe eu seja mesmo um mito
Do espelho, a outra face
Aquela que todos os dias fito
Do diário impasse:
Atiro-me ou me resgato?

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Sinto-me perturbada
Inesperadamente angustiada
Renasce em mim a incerteza
Renascimentos causam certa estranheza.
Algo em mim, fazia-se superado
Mostrou-se presente, acordado
Da morte, só sei
Que é caminho por onde não andei
Dela não sei, mas posso saber,
É futuro que não se pode esquecer.

quarta-feira, 28 de junho de 2006

O primeiro.

Alguns dias sem postar nada. Eu realmente estou um pouco sem criatividade, e as coisas na minha vida estão calmas, nada de tristezas, de alegrias muito grandes, um sentimento de indiferença, sabe? Isso significa que não tenho mesmo o que postar. Na falta do que postar, vou postar uma coisa antiga, de dois anos atrás [nossa, como é antiga! :O], algo que guardo com certo carinho e timidez.

Este é um poema que eu fiz quando tinha doze anos, na sexta série, o meu primeiro. Foi o único daquela época que fiz questão de não rasgar. Tinha um pouco de vergonha de mostrar para as pessoas, e tenho até hoje. Mas minha professora de Português da sétima série o publicou em um livro, e eu quis morrer. Todos leram, inclusive meus pais. Quase morri. Das pessoas que o leram, algumas me perguntaram se fui eu mesma quem fez, outras me chamaram de depravada, fizeram piadinhas, outras, ficaram horrorizadas, dizendo que era um absurdo porque eu era apenas uma garotinha de 12 anos.

Ps.: Ele está um pouco modificado [burocracias da língua portuguesa: colocação pronominal e conjugação de verbos. Na 6ª série eu não era muito boa em Português. Talvez não seja até hoje. :\].

Ps.²: É meio bobinho, mas leve em consideração o fato de que ele foi escrito quando eu tinha doze anos, eu era meio bobinha. :T [vergonha]

Sem título nem pudor: o amor.

Amor, o amor
Não é suficiente para convencer
Da perfeição de um ser
Para o outro.
Amor, meu amor,
Eu fui feita pra ti
E bem sabes que foste feito para mim
Mas meus amores são assim
Terceira pessoa não conjuga “amar”
Por tão triste sonhar, aqui venho chorar.
Sonhos, sonhos,
São somente esperança
Que a doce felicidade
Venha se tornar realidade.
Eu deito ao teu lado
Nua, vestindo apenas meu desejo
Sinto, na boca, teu doce beijo
Teu abraço caloroso
Faz-me delirar
Teu sorriso jocoso
Envolve-me,
Encanta-me,
Seduz-me.
Enlaçados, nos fundimos,
Unimo-nos,
Confundimo-nos,
Viramos somente um.
Já não se sabe onde começa um
E termina o outro.
Enquanto tu me fazes mulher
Entrego-me a ti,
Perco os sentidos,
Realizo as mais secretas vontades, pedidos,
Deposito em tuas mãos
Todos os meus desejos,
Perco a cabeça com teus beijos.
Tuas carícias me fazem enlouquecer,
Fazem-me te querer
Cada vez mais.
E assim, nos amamos loucamente.
Cansada de tanto amar,
Deito em teu peito para descansar.
Os raios de sol vão surgindo,
Acordo sorrindo,
Porém decepcionada.
Aquele era apenas um dos muitos sonhos
Em que tu e eu somos personagens
Sonhos, sonhos, são apenas miragens,
Retrato do desejo, da vontade,
Daquilo o que eu queria de verdade
Acordar no meio da noite, no breu,
Poder dizer que tu és meu,
Ser feliz com o simples e por vezes banal:
Poder conjugar o verbo “amar”
Na terceira pessoa do singular
E na primeira do plural.

Escrito em 11 de Junho de 2004.

terça-feira, 6 de junho de 2006

Seco, profundo, fatal.


E bem normal. Algo para descrever minha sina, essa minha rotina [que não suporto].

Vida injusta, vida incerta,
Vida confusa, vida sofrida.
Mal vou ao teu encontro,
Já penso na despedida?

Essa hora está sempre próxima
Aproxima-se, sorrateira, ao anoitecer
Agora, te tenho aqui comigo.
Mas onde estarás ao alvorecer?

Você vai, me transpassa
Um afiado punhal.
“Adeus, meu bem...”
Seco, profundo e fatal.

Quando esquecerei da dor eminente?
Talvez quando outro bem encontrar
Quando eu me der conta
De que essa dor sempre virá.

E só de pensar, me vêm as lágrimas.
Essa rotina, ao meu ver, não é normal.
“Adeus, meu bem...”
Seco, profundo, fatal.

terça-feira, 23 de maio de 2006

Sobre as palavras

Minha primeira inteligente troca: bonecas por palavras. Palavras são simples, sem tecnolgias. Brincar com elas pode ser muito mais divertido do que parece. Bonecas: eu falava por elas; palavras: ela falam por mim. Com o tempo, eu e as palavras nos tornamos íntimas e hoje elas me permitem ser até possessiva: as minhas são a minha verdade e a minha mentira mais verdadeira; ainda sendo mentira, são verdade. Elas me deixam sonhar com todo encanto que nisso possa haver, destroem e constroem mundo e me fazem ir onde eu jamais poderia estar. Elas me dão o universo e tudo o que eu quiser; não há nada que eu queira que elas não possam me dar. Minhas palavras fazem ser aquilo que não é. Não me arrependo de ter trocado bonecas por palavras. As palavras expressam meus sentimentos e tudo o que eu quero dizer de forma a não deixar óbvio o que está sendo dito; sem falar elas falam. São fantoches, mas só pra quem sabe usar.

domingo, 14 de maio de 2006

Infância.

Um pouco de nostalgia, com uma pitada de revolta. ;D

Descia, corria pelas escadas
Seguia travessa, despreocupada
Ouvia as histórias e estórias
Tudo muito presente na minha memória,
No meu passado, em algum lugar.

O mundo me parecia correto
Tudo tão previsível, certo
Concreto, imutável
Mentira era impensável,
No meu passado, em algum lugar.

Em meio a peças e blocos, eu brincava
Sem sequer imaginar que a inocência logo passava
As pecinhas encaixavam-se com perfeição
Pouco a pouco eu mesma montava a minha canção.

Cabelos longos caídos sobre o rosto
Faziam dos meus olhos vidro fosco
Tão ingênua, eu me bastava
Inconsciente do que me esperava.

Fiz-me crescer,
Construí-me sem perceber
Com base naquele tempo,
Num brusco movimento.

Adolesci sem motivo nem razão
Vi-me diante de problemas sem solução
Revoltei-me do juízo daquele velho tempo
Quis lançar minha memória ao relento.

Numa folha de papel, uma memória lançada
Viva uma lembrança, uma lembrança abandonada
Viva a mentira, a mentira contada
Viva a pseudo-certeza, escondendo a incerteza,
Viva a pseudo-alegria, omitindo a tristeza,
Viva a utopia, quando não se sabe da realidade
Viva o tudo, quando na verdade,
O tudo que se tem é nada.

:p

Isn't someone missing?

Saudades de quando eu era feliz e não sabia. Saudades de quando eu era eu, sem medo de me acharem ridícula. Saudades da minha inocência, que o mundo malicioso me tirou quando eu ainda cheirava a fraldas. Saudades de quando o mundo me permitia sonhar. Saudades de ser mimada. Saudades de um cafuné. Saudades de um mundo encantador que perdi tão cedo. Saudades de não ter que ter responsabilidades. Saudades de não ter compromisso com ninguém além de mim. Saudades de quando meu pai me via como "sua menininha". Saudades do medo do escuro. Saudades de contar segredos pro meu ursinho amarelo. Saudades da garotinha espevitada e exibida que tinha cabelos longos, lisinhos e de rostinho bolachudo. Saudades da queridinha dos professores. Saudades do Papai Noel. Saudades das minhas bonecas, que me abraçavam com intensidade. Saudades de cortar o cabelo das minhas Barbies toda vez que estava com raiva. Saudades de conseguir o que eu queria, chorando e fazendo birra. Saudades das promessas que me faziam. Saudades de acreditar que o mundo era perfeito. Saudades de acreditar que todas as pessoas eram boas e legais. Saudades de acreditar naquilo que eu queria. Saudades de dividir meu picolé com meu cachorro. Saudades do meu cachorro. Saudades de achar que tudo no mundo dependia da nossa vontade. Saudades de manipular as pessoas ao meu redor. Saudades da princesinha que acreditava um dia encontrar seu príncipe encantado. Saudades de não saber que um amor pode acabar. Saudades de não pensar que, um dia, eu vou morrer. Saudades de ser sincera demais e às vezes, até inconveniente. Saudades de ser teimosa ao extremo. Saudades de não levar desaforo pra casa. Saudades de ser protegida. Saudades de ser iludida. Saudades de ser criança.

domingo, 30 de abril de 2006

Duas vezes de má sorte.

Dois espelhos quebrados
Duas vezes de má sorte
Quanta vida eu já vivi?
Quanto resta para a morte?

terça-feira, 18 de abril de 2006

A passagem

Os teus olhos tocaram a pele como que espera por uma boa conversa. O brilho destes fazia cócegas em minha nuca e me fazia rir. Vagarosamente teu sorriso se abria, me chamando silenciosamente. Teu sorriso tentava me parar, tentava virar meus olhos para os teus, mas minhas pernas seguiam firmes, como pernas que tinham um objetivo, um rumo certo a seguir, mesmo que isso não fosse verdade. Meus pés se jogavam um diante do outro, com alguma pressa. Tuas mãos, num gesto singelo e discreto, pareciam querer me alcançar, mas a razão me empurrava pelos ombros com vontade. Conforme tudo passava, eu passava. As tuas mãos, encabuladas, se recolheram, se fecharam. A voz do teu sorriso foi diminuindo, diminuindo, até que se calou. Já teus olhos, permaneceram fixos a minha expressão serena por alguns instantes. Até que as cócegas em minha nuca cessaram, tirando a cor do meu sorriso. Teus olhos já não me alcançavam; o ritmo de minhas pernas se fez lento. Virei e tudo havia voltado ao normal. Era o bastante. Esbocei novamente um sorriso, e minhas pernas recuperaram o ritmo.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Início

Bem, tive a idéia do blog anteontem, mas não o fiz nessa data porque era dia 5. Preferi esperar o dia 7 chegar, eu gosto do número 7. Devido a essa minha tara pelo 7, pensei em postar emdias múltiplos de 7, a cada 14 dias ou a cada 13 dias [prefiro o número treze ao catorze, apesar de ele não ser múltiplo de sete] mas eu sei que vou acabar não obedecendo a esses prazos. Portanto, não haverá regularidade nenhuma com relação a data dos meus posts. Postarei quando surgir algo novo ou postarei qualquer merda quando der vontade.
Não há nenhum motivo especial para a criação deste blog. Gostaria que tivesse, mas não tem. Na verdade, houve certa necessidade. Tenho um hábito minimamente esquisito de escrever e rasgar logo em seguida o que eu escrevi. Quando escrevo coisas não muito idiotas, até tento guardar na minha pasta amarela. O problema é que eu escrevo com uma certa freqüência há dois anos, e também me apego muito a papéis. O resultado é o meu armário lotado de entulho derivado de celulose. Às vezes [dias de arrumar o armário] acordo um pouco irritada, de mau-humor e jogo tudo o que vejo pela frente fora, sem me dar o trabalho de ler o que estou jogando fora. Eu sempre acabo jogando tudo o que escrevo fora. Penso que, postando num blog, não terei mais, quero dizer, diminuirei meu problema com papéis.
Quero esclarecer que este blog não foi feito com o intuito de expor o que escrevo, mas para servir como ferramenta anti-tralha. Mas como todos [inclusive eu] sabemos, postando qualquer coisa na internet, corremos o risco de que curiosos e ratos de internet fuxiquem. Assumo este risco. E a vocês, curiosos e ratos de internet: críticas não são bem-vindas, por isso bloqueareios comentários. Brincadeirinha. hahaha
Críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas não brinquei quando disse que bloquearei comentários. Por isso, àqueles que desejarem fazer algum comentário ou alguma crítica construtiva, deixomeu e-mail: lary.rfsl@gmail.com
beijosmeliga ;D