domingo, 14 de maio de 2006

Infância.

Um pouco de nostalgia, com uma pitada de revolta. ;D

Descia, corria pelas escadas
Seguia travessa, despreocupada
Ouvia as histórias e estórias
Tudo muito presente na minha memória,
No meu passado, em algum lugar.

O mundo me parecia correto
Tudo tão previsível, certo
Concreto, imutável
Mentira era impensável,
No meu passado, em algum lugar.

Em meio a peças e blocos, eu brincava
Sem sequer imaginar que a inocência logo passava
As pecinhas encaixavam-se com perfeição
Pouco a pouco eu mesma montava a minha canção.

Cabelos longos caídos sobre o rosto
Faziam dos meus olhos vidro fosco
Tão ingênua, eu me bastava
Inconsciente do que me esperava.

Fiz-me crescer,
Construí-me sem perceber
Com base naquele tempo,
Num brusco movimento.

Adolesci sem motivo nem razão
Vi-me diante de problemas sem solução
Revoltei-me do juízo daquele velho tempo
Quis lançar minha memória ao relento.

Numa folha de papel, uma memória lançada
Viva uma lembrança, uma lembrança abandonada
Viva a mentira, a mentira contada
Viva a pseudo-certeza, escondendo a incerteza,
Viva a pseudo-alegria, omitindo a tristeza,
Viva a utopia, quando não se sabe da realidade
Viva o tudo, quando na verdade,
O tudo que se tem é nada.

:p

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