domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma peripécia qualquer


Tão belo sorriso havia murchado, e a face, antes corada, havia desbotado. O verde de seus olhos tornava-se cinza, tão cinza quanto aquele céu, aquele céu de nuvens negras que por hora, fazia-a sorrir. O tempo, este parou de passar. Por um instante só se tinha presente, um constante presente, e o passado, que ainda se fazia presente. O futuro? Esse nunca existiu. Não havia nada no futuro que a interessasse, não era difícil prever. Aquilo seria eterno, e não havia como fugir. Enquanto vivesse, a memória seria sua eternidade, eterno, tudo o que estaria nela. Havia e haveria muitas coisas que o tempo simplesmente não poderia apagar. Ela estava tão vazia que sua alma já não tinha no que se sustentar, por isso vagava sem rumo. Emanava-se o tempo e, sob o relento, aquela carcaça seguia sem alento. Parava num bar, numa esquina, fugindo daquela sina. Ouvia as notas, mas não ouvia a música. De repente, dois de má sorte mais três: o que viria dessa vez? Fatalmente, encontra motivos para unir corpo e alma novamente. Incerta, insegura, receosa, une as duas partes em busca da totalidade, ao passo que adicionava àquela composição, singularidade. A eternidade ainda estava presente, sempre estaria, mas agora, ela podia ouvir a música inteira, e também via como se ouvisse. Aquela sina, não mais o seria. Ela sabia como e por quê. Curiosamente, ela se fazia notas e música.

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